Quando procura assumir a metapoesia
O poema devora-se a si próprio
Esse processo viscoso
Sulcado a bisel na mais dura das pedras
Insurrectas para o escultor do acaso
Torna-se inominável de tão perverso
De nada tem medo, porque inconsciente
Nada respeita, incivilizado
Não se perde, porque não tem rumo
Acima de tudo, não se assume
O cobarde mentecapto
Elabora-se em espiral
Vertiginoso
Quando pára para pensar
Só o faz retrospectivamente e sob insulto.
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Tudo mudou de sítio. O poeta foi arrastado com os
móveis na turbulência da tempestade da vida.
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O poeta dorme tão profundamente que nem acredita
que está acordado.
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Não procura companhia. Antes pelo contrário, acorda
outros sem o desejar, e é por isso surpreendido.
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Tudo descansa. Só mais um pouco. Mas o poeta, inconsciente
está longe de perceber a ausência da morte, ainda que seja,
só por mais um minuto.
Delfim R.
domingo, 2 de março de 2008
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1 comentário:
Já cá estás, e logo a seguir ao Pessoa! Auspicioso o início para este espaço de partilha, um Delfim em Pessoa.
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